Mudanças

Mudanças, ruim com elas, pior sem elas.

Recentemente passei por várias mudanças na minha vida e por isso sumi algum tempo do blog (sempre acabo deixando o blog para depois…), mas vou explicar o que aconteceu e espero que me entendam, rs.

 

Quando alguém chega e fala a palavra MUDANÇA, o que acontece com você?

 

Eu fico apavorada, odeio quase todos os tipos de mudanças. Mudanças nem sempre são bem vindas e queridas, nesse caso que vou contar não é diferente. Quase todas as mudanças que fiz ao longo da vida foram drásticas, radicais e deixaram marcas. Não me refiro às mudanças físicas, mudar de casa, cidade e tal. Me refiro às mudanças internas geradas pelo medo, insegurança e pelo sofrimento.

 

Estava no meio de uma nova mudança, uma mudança de casa, a princípio, e queria escrever um texto sobre os acontecimentos. Como disse mudanças são exaustivas, essa não foi diferente. Além da mudança física, que foi mudar de uma casa pequena para uma casa com o dobro de tamanho e o dobro de trabalho, também estou com algumas mudanças internas e novas responsabilidades.

 

Mas vamos voltar no tempo e falar da primeira mudança que tive. Não me lembro quantos anos eu tinha, talvez estivesse na oitava série do ensino fundamental, estávamos mudando de casa, saindo de um bairro afastado da cidade para um bairro mais central e eu iria ficar mais perto da escola e iria a pé, mas o que mais me marcou foi o medo que eu senti durante o processo, eu estava saindo da pré adolescência para a adolescência, sair da casa onde cresci e passei a infância me deixou desestabilizada, pois foi nessa época que percebi que era diferente das minhas amigas. Diferente não só por gostar de meninas, mas por ser mais madura do que elas, ser mais adulta que a maioria era na oitava série.

 

Sempre que começo a falar do meu passado sinto que estou me passando por chata, mas se eu não falar de certos pontos da minha infância, talvez você não entenda minhas cicatrizes e o texto fique sem sentido.

 

Nessa época eu lembro que todos estavam empolgados com a mudança. A casa demorou dez anos para ficar pronta e quando finalmente terminou meus pais estavam muito felizes e eu, perdida. Lembro-me muito bem que essa mudança foi bem pior que a mudança que fiz de cidade para cursar a faculdade.

 

Essa primeira mudança foi coincidente com minhas descobertas gays e por isso foi marcante. Eu já comentei sobre a Alice (Afinal quem é Alice?) e foi nessa época que ela começou a por as asas de fora, na escola eu me sentia excluída e em casa perdida.

 

Voltando para a atualidade, quando eu e minha esposa decidimos que íamos mudar de casa para expandir os negócios e enfrentar o mercado de forma agressiva, nós nunca imaginamos que uma mudança poderia desestabilizar tudo. Eu falo por mim, mas acho que ela pensa a mesma coisa que eu, depois que mudamos alguns fenômenos estranhos aconteceram conosco. Não nasceu nenhuma Alice ou estávamos com problemas de aceitação, mas a insegurança que nos acometeu foi imensa e muito parecida com a que eu tive na época que mudei de casa com meus pais.
Por isso quis escrever sobre mudanças, no começo a mudança nos pega de jeito, nos deixa com medo, com insegurança e com vontade de ficar onde estamos, mas o ser humano foi feito para mudanças, foi feito para a evolução (espiritual, mental e material).

 

Eu passei por vários tipos de mudanças, as piores, foram as internas. Carregar caixas, cama e roupas é fácil, pois você arruma na nova casa e não precisa mais se preocupar, mas os sentimentos você carrega com você para sempre.

 

Por cada mudança que passei aprendi alguma coisa:

  • Na mudança que relatei eu aprendi que se você não pode ser ou entender o que você sente, você precisa extravasar de alguma forma, eu fiz isso escrevendo.
  • Quando me mudei de cidade e fui morar sozinha para fazer faculdade, aprendi que se você gosta da solidão, as pessoas vão te achar estranha.
  • Quando beijei a primeira mulher, aprendi que eu perdi muito tempo tentando não ser o que eu realmente sou.
  • Quando voltei para a minha cidade natal, no fim da faculdade, aprendi que o ser humano não foi feito para ser sozinho.
  • Quando meus pais descobriram que eu gosto de mulher, aprendi que, apesar de tudo, o amor dos pais pelos filhos é incondicional e que o tempo cura tudo (ou pelo menos quase tudo).
  • Quando terminei com minha primeira namorada (até aquele momento a única mulher que eu havia beijado), aprendi a querer quem me faz bem.
  • Quando beijei outras mulheres queria entender o porque eu gostava tanto de mulher e aprendi que eu sou sociável e que nem todas as mulheres entendem isso.
  • Quando casei, aprendi que não se faz verão com apenas uma andorinha, ou seja, não se mantem um relacionamento só com alegrias.
  • Quando adotei a Lolla, aprendi o que um ato não pensado pode causar na sua vida (não me julguem, um dia explico).
  • Quando mudamos para essa casa, aprendi que a evolução dói e nos tira o chão.

Essas são algumas das mudanças que eu passei na vida e digo a você, nenhuma mudança é bem vinda, nenhuma mudança é fácil e nenhuma mudança é perfeita, em todas as mudanças que você tiver na vida, você vai ganhar um pouco de sabedoria e perder um pouco de alegria.

 

Se você estiver em uma mudança nesse exato momento, te digo, siga com fé, siga com medo, siga com tudo, pois tenho certeza que os aprendizados serão eternos e as dores e alegrias irão te fortalecer para você ser um humano melhor.

Alice

 

 
 
 
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